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Mensagens

A mostrar mensagens de janeiro, 2018

Bouquinistes de Paris

E se fosse possível comprar livros em património da UNESCO? Dos dois lados do Seine, é possível encontrar 1000 caixas verdes, de dimensões reguladas, recheadas de livros usados e postais antigos: são as "lojas" dos 240 Bouquinistes de Paris ( bouquin é gíria para "livro"). Há mesmo quem diga que o Seine é o único rio que corre no meio de uma livraria, e as caixas verdes são classificadas como Património da UNESCO desde 1991. Os Bouquinistes podem ser encontrados perto de lugares icónicos da cidade, como o Musée du Louvre (na Rive Droite - da Pont Marie ao Quai du Louvre) ou a Cathédrale de Notre-Dame (como na foto acima! Embora fiquem na Rive Droite, entre o Quai de la Tournelle e o Quai Voltaire, e não na Île de la Cité), e fazem parte do cenário da cidade, sendo esta uma tradição que data do séc. XVI. No entanto, hoje, no meio dos livros, é hoje possível encontrar todo o tipo de tarecos turísticos (apesar da legislação que permite que apenas uma em qua

Viagens na minha Terra

Li este livro em Novembro, para o projecto " Ler os Nossos ", da Cláudia . Mas nunca é tarde para escrever a opinião, certo? Este não é, de todo, um livro popular. Até à data, nunca vi quem tivesse gostado dele: por exemplo, a minha mãe sempre me tinha dito que não suportava os amores da Joaninha, a Sara leu pela mesma altura que eu e não gostou , e temos a célebre frase da Sandra no último encontro do Clube dos Clássicos Vivos, "cortem-me os pulsos já". No entanto, eu sou teimosa. Isso, e gostei do Frei Luís de Sousa (também sou a única pessoa que gostou, do que percebo); então decidi, aquando da minha estadia no estrangeiro, ler aquela que é uma das obras mais conhecidas e menos apreciadas da literatura portuguesa. A narrativa divide-se em duas grandes partes: a viagem do narrador por Portugal, e o romance trágico que lhe é relatado em Santarém. Não é, portanto, uma estrutura muito comum ou tradicional, e passei grande parte do livro a pensar como raio

A Economia mais Forte do Mundo

Apelando a que toda a gente leia Joseph Stiglitz. Não é a primeira vez que faço uma review  de um livro de economia ; pode não ser comum, pode não ser popular, posso até, pessoalmente, não ler imensa não-ficção - mas sei que devia ler mais e, pessoalmente, adoro economia, especialmente a economia mais social, como é o caso das questões subjacentes à desigualdade, abordadas neste livro. Ressalvo desde já: adoro Stiglitz e acho que muitas das minhas opiniões sobre economia o têm por base (ou ao Easterly). O livro parte da premissa que a desigualdade é uma escolha - não das pessoas, perceba-se (não se argumenta que uma mulher escolhe receber menos que um homem, ou que pessoas de determinadas etnias escolhem ter menos vantagens que pessoas brancas), mas dos governos e das políticas económicas mantidas. Stiglitz acredita que foram as regras da economia que criaram a desigualdade, e contrapõe as suas sugestões de novas regras que podem efectiva e eficientemente adereçar o pro

Shakespeare & Company

O post muito pedido: aquela que é possivelmente a livraria mais conhecida de Paris. In those days there was no money to buy books. Books you borrowed from the rental library of Shakespeare and Company, which was the library and bookstore of Sylvia Beach at 12 rue de l’Odéon. A livraria que vemos hoje na 37 rue de la Bûcherie é, na verdade, Le Mistral , a livraria de George Whitman com outro nome, rebaptizada em 1964 em homenagem à livraria imortalizada em A Moveable Feast , o livro de não-ficção de Ernest Hemingway: a Shakespeare and Company, de Sylvia Beach, aberta em 1919 e fechada em 1941, durante a ocupação, para nunca mais reabrir. a socialist utopia masquerading as a bookstore   É proibido tirar fotos lá dentro; têm de se deslocar a Paris, à livraria, se a quiserem ver, às suas estantes, vasculhá-la. Suponho que, com esta proibição, a livraria procure preservar-se, de certa forma - não só "obrigar" à peregrinação daqueles que a quiserem ver, ma

Boulinier

O que acontece quando decido ir a um mercado de Natal? Este é se calhar um dos posts mais ansiados por quem me segue no Instagram, onde vou partilhando alguns conteúdos. Já várias vezes partilhei os cenários tipo Cash Converters recheados de livros a 1€ e a apelativa frase "2 poches 0,50€" (dois livros de bolso, 0,50€) nas stories ; há já demasiado tempo (início de Dezembro), partilhei uma pilha de livros. Contexto: fui ao mercado de Natal da Fontaine des Innocents e parei na Boulinier. Eu nunca me tinha sentido particularmente tentada pela Boulinier - já tinha parado uns dois minutos nesta, e menos ainda na da blvd St. Michel - a verdade é que já tinha olhado para a secção de livros ingleses (há uma secção de livros noutras línguas) e só me apareciam aqueles livros dos anos 80. Sabem, aqueles. foto daqui ; a referência ao Fabio Lanzoni estava em falta neste blog desde 2013 Que não são particularmente o meu género, digo eu do alto do preconceito de

2018

Também este post vem atrasado: alguns dos meus planos para 2018. Livros que quero ler Desde 2010 ou 2011 que o meu "objectivo" é 30, porque me acredito capaz de ler 30 livros. Apenas faço isto porque tenho Goodreads, confesso; de outra maneira, não estabeleceria uma meta. Na maioria dos anos superei, e muito os 30 - mas anos houve já que fiquei aquém. Não acredito em ler em quantidade, acredito em ler qualidade, e seria incapaz de ler apenas "pelos números". Ou seja, este é um "não-objectivo", é um número indicativo. Não faço listas de livros que quero ler em 2018, porque esses vão vindo e fluindo. Livros que quero comprar Este ano quero, muito definitivamente, comprar muito menos livros. Tinha este plano definido para 2017, mas fui trabalhar para Paris durante dois meses e comprei cerca de 20 livros (mais sobre isso abaixo). Excepções que me permito: viagens e Feira do Livro. Sou racional ao ponto de não comprar livros com 20% na Feira

Vaux-le-Vicomte

O Château onde pode ter nascido o absolutismo de Louis XIV. Este post pode parecer um pouco rebuscado, mas dois motivos fizeram com que decidisse publicá-lo: as ligações que se podem estabelecer entre este lugar e a literatura e, bem, o blog ser meu e eu fazer o que quiser. Já tendo ido duas vezes ao Château de Versailles, achei que era a altura de diversificar os meus destinos e comecei a minha tour de palácios ao visitar o Château de Vaux-le-Vicomte. Este palácio fica um bocado no meio do nada: tem de se apanhar um comboio na Gare de l'Est (o transilien linha P em direcção a Provins) e, posteriormente, apanhar o ChâteauBus, um shuttle que está combinado com as horas do comboio. Ou seja: é preciso planear, mas é fácil.   Sente-se a magnificência do espaço logo que se vê o portão: mesmo não sendo visível o palácio (coberto por outros edifícios), sente-se a grandiosidade e tudo o que foi investido na sua construção e planeamento. E aqui se começa a perceber um pouco