Avançar para o conteúdo principal

Autobiography by Morrissey

O Morrissey publicou isto em 2013 e foi imediatamente um clássico da Penguin. Porque pode.


Há poucas coisas maiores e mais interessantes que o ego do Morrissey. Quiçá uma baleia azul. Ele é arrogante, é um drama queen, no fundo é um idiota tremendo, mas eu comprei este livro. E vale imenso.

Este livro é uma desgraça autêntica. Não tem capítulos, não tem qualquer organização, não tem qualquer sequência lógica, fala sobre a música que ouvia, começa a falar de referências culturais televisivas a meio de frases sobre a sua família, fala sobre familiares mortos, fala sobre a escola, depois é o seu interesse em música outra vez, cita CONSTANTEMENTE as suas próprias músicas de uma maneira absurda, do género, aqui estava a falar de como acidentalmente figurou numa série qualquer, andando de bicicleta em pano de fundo:

Avril Elgar is the main star of this production of The Stars Look Down, and I, a spot on the horizon, cycling in search of the Hollywood Bowl - a punctured bicycle on a hillside desolate.

WILL NATURE MAKE A MAN OF MEEEE YEEEEET?

Não há como uma pessoa não se rir histericamente desta presunção, deste ego inflaccionado, deste ego imenso que se auto-referencia entre episódios da sua vida em que descreve os seus cortes de cabelo e finge que nasceu vegetariano e conta de um encontro que teve com um fantasma na estrada..

No meio disto tudo ele fala de Manchester, cidade onde nasceu e cresceu.

Queen Victoria had visited Manchester in the 1840s and had remarked upon its destitution and despair previously unseen, and she also remarked upon the sickly look in the faces of Manchester folk (even though she herself was without doubt the most unfortunate-looking woman on the planet).

O Morrissey conta de forma muito vaga como os The Smiths acabaram, e depois como se lançou a solo mas nunca esperava ter uma carreira a solo, e enfia assim de soslaio no texto como teve melhores resultados nas tabelas do que as bandas a que Marr se juntou.

Também é dada uma descrição vitimizada do julgamento:

His wife may very well bask in victorious Third Party Orders for the rest of her life, calling instructions to her highwayman from beneath a blistering sunbed, but Joyce has lost his Smiths - now, today, tomorrow and always, and his own sentece begins on the day of his confusing victory, and it would run longer and harder than the sentence bestowed upon me by Weeks,

Sentiram a auto-referência?

O Morrissey escreve pessimamente e de forma muitíssimo pretensiosa. Este é um livro incrivelmente narcisista no qual, ainda assim, não ficamos a saber muito mais sobre a vida pessoal do autor, fora o facto de que pessoas próximas dele parecem morrer a toda a hora. Refeições com o David Bowie. Tentativas de rapto no México. Descrições longas de tours a solo, porque Morrissey a solo é tudo o que o mundo alguma vez precisou. O Morrissey é o seu maior fã.

Este livro é incrível.

4/5 não sou capaz de dar 5 ao ego do Moz

Podem comprar esta edição aqui.

Comentários